sexta-feira, 14 de novembro de 2014

a banalidade e o despropósito





.
todo dia acordo do mesmo lado,
desço a mesma escada, e o som dos meus passos repetitivos me diz:
  onde...? onde...? onde...?
todo dia atravesso a mesma praça,
na partida e na chegada, e o canto dos pássaros nas árvores me diz:
  quando...? quando...? quando...?
todo dia eu pego o mesmo ônibus, que me leva e me traz, e o murmuro das pessoas nos bancos me diz:
   como...? como...? como...?
toda noite, eu durmo e sonho com as múltiplas possibilidades
 para os muitos onde, quando,  como...                                                
quando acordo pela manhã, os sonhos se recolhem ao esquecimento,
 para que a vida possa recomeçar de novo, sem onde, quando e como.





'não me pergunte quem sou
e não me diga para permanecer o mesmo.'

(Foucault)
.

7 comentários:

Cidália Ferreira disse...

belo texto; adorei Margoh

Beijos
Bom fim de semana

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Unknown disse...

Boa noite, Margoh,
A terrível rotina em que caímos, na zona de conforto que encontramos, sem nos darmos conta que os sonhos vão passando de dia para dia, porque a vida na tal zona de conforto, afinal é exigente e possessiva demais.
É o preço.
bjo amg
bom fds

Às margens de mim. disse...


O fato é que a própria vida é uma rotina em certos aspectos.
Cada um é que tem que tentar fazer algo p/ q a sua não seja monótona.
Mas tem muitas coisas que não tem como mudar.

Arnaldo Leles disse...

Muita inspiração!

Arco-Íris de Frida disse...

"Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã"

É o cotidiano de nos todos...

Beijos...

Edith Lobato disse...

O costumeiro vai e vem da vida, entretanto, embora achemos que seja o mesmo, sempre há algo de novo que, talvez nem percebemos. Mas há. Bjs

Luis Eme disse...

bonito.