quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

lavro solos e abro espaço para que venham primaveras








.
tropeço a cada passo em gritos escritos, sementes de incêndios . e a chuva que cai banha a tarde  com águas serenas e cobre toda a superfície da cidade com uma leve película translucida, multiplicando as imagens em mil gotas e poças d'água, como se tudo fosse feito de espelhos. um espelho frente ao outro, refletido o infinito vazio de dentro de nós.  a chuva que canta soturna seus ritmos fluviais, batucando nas folhas das árvores um som constante e hipnótico, como o culto mistico a um antigo Deus, que parece transpassar os ouvidos até os sonhos, onde navego nas águas da eternidade.  as águas em sua textura fluida, disforme, dissolúvel, efêmera, que escorre e penetra nas brechas da terra, que corre nas veias da vida como rios furiosos, nos corpos dos seres, nas almas aflitas, e leva os pesares todos para as profundezas distantes do abismo do mar.  cai chuva de vida, que as vezes soa como a morte, fundi-te a minhas lágrimas que também escorrem de meus olhos de ternura.  e na tarde escura lava os desconsolos, leva os desenganos, molha toda a incredibilidade e acalma meu coração. nos teus ciclos ei de renascer  como tu, transfigurada, transfiguradora, sempre velha e sempre nova, sem distinção no tempo, no eterno retorno de si mesma.
.

8 comentários:

Majoli disse...

Acabei de me molhar numa chuva repentina e forte que aqui caiu, venho aqui e leio sobre chuva, sentimentos, lágrimas...que venham primaveras, dentro de nós, e nos deixe a alma colorida e florida.

Carinho enorme por ti.

Beijos linda!!
Cuide-se!!

lis disse...

A foto coincidentemente _( com essa chuvinha), veio a calhar nessa minha tarde quente, refrescando-me o olhar!
E não só banha a tarde como lava a minha alma ; empresta-me a poesia que emana da sua escrita,
muito bonito o poema Margot
obrigada
com abraços da lis

Yohana Sanfer disse...

Intimista e transportador...gostei do texto!
Um abraço!

O meu pensamento viaja disse...

Puxa!
Não sei que diga depois de emergir no corpo do teu texto.
Estarei por aqui. Sempre.

Lu Lopes disse...

Amo a chuva com tudo o que ela traz. Não apenas fertilidade, mas também o cheiro da terra molhada, o frescor e a sensação de que o ar de repente está mais puro, limpo.
E essa sensação transfere-se pra alma.
Amo respirar a chuva.

Belíssimo post Margot.

Beijos.

Milene Lima disse...

E pela enxurrada a fora seguem os desconsolos, desencantos... Sobram reflexos de lágrimas sentidas. E amanhã o Sol será rei outra vez...

Lindo, isso, viu? Amo as suas letras.

Pelo visto, já começou a librianice nas vestimentas do blog. Adorei o "sabor de fruta mordida".

Beijo, Margohzinha.

Jullio Machado disse...

Assim seja! Que venha momentos primaveril.
Seguimos!
(: B :)

Everson Russo disse...

Um belo dia pra ti minha amiga,,,beijos e flores..